terça-feira, 8 de novembro de 2011

THE END

Esta é a última postagem do Blog Cruce de los Andes. O site continuará no ar, mas sem novas atualizações, já que a expedição foi concluída nesta segunda-feira (07/11) quando chegamos vivos em Florianópolis. Agradeço a todos que acompanharam o blog nas últimas semanas, se preocuparam conosco e tiveram interesse na viagem, inclusive comentando os posts. Meus cumprimentos a três pessoas que contribuíram significativamente para o sucesso da jornada: Eugenia Vachement, que desde Mendoza nos ajudou com apoio logístico e de indicações sobre manutenção das bicicletas. Paulinha Barroco, pelas dicas de saúde e fornecimento de protetores solares (importantíssimos) para a expedição. Benito Adolfo Tessaro, por sua parceria na ida e frida ao aeroporto. Aos companheiros de viagem minhas saudações pela força e determinação em cruzar os Andes. Aos que gostaram e tem interesse no assunto, a montanha está lá, com seus ventos, frio e sol para ser desafiada. O que lhes digo é que tudo valeu a pena, cada metro pedalado dos cerca de 450 km que andamos. Descer os Carocoles é algo simplesmente sensacional, indescritível! Fecho o blog com uma citação do filme "O Curioso Caso de Benjamin Button"


Se você quer saber de uma coisa, nunca é tarde demais (ou no meu caso, cedo demais) pra ser quem você quiser ser. Não há limite de tempo, comece quando você quiser. Você pode mudar, ou ficar como está. Não há regras pra esse tipo de coisa. Podemos encarar a vida de forma positiva ou negativa. Espero que encare de forma positiva. Espero que veja coisas que surpreendam você. Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com pontos de vista diferentes. Espero que tenha uma vida da qual se orgulhe. E se você descobrir que não tem, espero que tenha forças pra conseguir começar novamente."

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

EQUIPE CHEGA AO PACÍFICO

Neste domingo (06/11) a equipe do Cruce de los Andes alcançou a cidade de Valparaíso, no Pacífico Sul chileno. O lugar não é dos mais bonitos (chega a ser palhaçada compará-lo a Florianópolis) e aparenta ter um aspecto de sujo, típica cidade portuária. Foi um passeio mais para dizer que conhecemos outro oceano (o que de fato é uma besteira) do que uma visita marcante. O que valeu foi ver Frederico e César molharem os pés no Pacífico, meio a contra gosto, lavados por uma onda com tenis, meias e por pouco cuecas (a única que lhes restava)!! Almoçamos e voltamos para Santiago de ônibus, onde chegamos por volta das 17h. Após uma disputada partida de tennis de mesa (vulgarmente conhecido como pingue-pongue) iniciamos a preparação de bicicletas e bagagens para na madrugada de segunda-feira (03h30min Brasília) retornar a Floripa.

sábado, 5 de novembro de 2011

PUENTE DEL INCA – LOS ANDES

Dia 5 – 04/11 – novamente acordamos às 6h da manhã e desta vez antes das 7h já estávamos pedalando. Os primeiros 15 quilômetros foram pracabá, subidas que não avistávamos o fim e frio, muito frio. Foi a primeira vez que pedalamos totalmente equipados com todas as camadas de roupas que tínhamos, segunda pele, fleece, calça e jaqueta corta vento, além de touca e luvas. Puxávamos ar e ele não vinha, chegamos acima dos 3 mil metros de altitude, atravessamos um túnel e chegamos a Las Cuevas, último vilarejo antes da fronteira com o Chile e início da subida para o Cristo Redentor. Paramos num abrigo para tomar algo quente e comer. Novamente fomos informados que não poderíamos subir mais, pois o caminho estava interditado. Pedalamos mais 2 quilômetros e finalmente chegamos ao túnel Los Libertadores (divisa Argentina – Chile), que tem uns 3 km de extensão. Não é permitido atravessá-lo de bicicleta, pois não há acostamento, então a Gendarmeria (exército argentino) mandou um caminhão do tipo pau de arara nos buscar para cruzamos o túnel. Junto embarcou um casal de franceses mais perdido que chiclete em boca de banguela, que não tinham nem como descer a cordilheira. Bem, se não dá para subir até o Cristo Redentor de um lado (Argentina) quem sabe pelo outro (Chile) tenhamos melhor sorte (ver post abaixo). Ao atravessarmos o túnel César e Paulo conheceram gelo e neve pela primeira vez, já que até então suas experiências eram apenas quando limpavam a geladeira. Começou a descida, e que descida! 4 quilômetros abaixo uma parada na aduana chilena para trâmites de imigração e 60 quilômetros até Los Andes que foram um passeio. Foi nossa vez de nos vingarmos dos caminhões, passávamos por eles na descida feito uma flecha! Frear, pra que? O vento desta vez era nosso amigo, e mesmo contrário, segurava as bikes no descenso. Estávamos em um sonho, olhávamos para cima e viamos a cordilheira, uma curva após a outra, era nossa vez de descer, que sensação boa, o vento que nos consumiu nos dias anteriores agora nos cortava o rosto com prazer, sentimento nunca antes disfrutado! Passar as 27 curvas dos Caracoles chilenos foi uma experiência que não esqueceremos, que aventura! Chegamos a Los Andes um pouco antes do anoitecer, com a certeza que o dia 04/11/2011 será inesquecível e marcante para cada um de nós!

O ATAQUE AO CUME

Logo depois de atravessarmos o túnel Los Libertadores (fronteira Argentina – Chile) constatamos que não havia qualquer bloqueio ou proibição para a subida ao Cristo Redentor pelo lado chileno. Um oficial apenas nos disse que a rota era ruim e longa (pior que a Argentina) e que havia muito vento nas altitudes superiores. Entramos na rota empurrando as bicicletas, pois pedalar era impossível. Uma mistura de barro, pedra e gelo dificultava qualquer tentativa. Estávamos pesados, com todas as bagagens sobres as bikes. Frederico e eu (Leandro) largamos as bicicletas no meio do caminho e seguimos caminhando. César e Paulo iam com as bikes, firmes e fortes! Olhávamos para baixo e avistávamos a estrada pequeninha, com a sensação que já havíamos subido muito. Ao lado do caminho enormes placas de gelo de mais de um metro de espessura. Um pouco depois da metade do percurso Frederico e eu decidimos retornar, enquanto dos César e Paulo prosseguiram até o cume. Os dois baguais de estância alcançaram os 4 mil metros do Cristo Redentor depois de 2h30min de subida e de muita força! Ficaram cerca de 10min no topo e desceram, nos encontrando na aduana chilena. Nossos parabéns e alegria pela coragem, determinação e esforço de nossos companheiros por não desistirem e conquistarem o cume do Cristo Redentor!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

LOS PENITENTES – PUENTE DEL INCA


Dia 4 – 03/11 – Foi um dia tranqüilo, pedalamos um pouco mais de 7 km em quase 1 hora (no dia anterior fizemos 63 km em subida e contra o vento). Nossa intenção era vir até Puente del Inca (onde estamos agora), deixar toda nossa bagagem (que carregamos nas bicicletas) e tentar subir “leves” até os 4 mil metros do Cristo Redentor. Porém, ao chegar em Puente del Inca fomos informados que a Gendarmeria (grupamento do exército argentino que controla a fronteira) fechou a rota que leva até o Cristo Redentor, pois há um enorme bloco de gelo impedindo a passagem. Tínhamos então duas opções: a primeira, seguir pedalando 9 km acima diante de um vento forte até a entrada da rota do Cristo Redentor, buscar uma alternativa para driblar a barreira e tentar chegar ao cume; a segunda, deixar as bikes e bagagem no albergue e fazer uma caminhada de 3 horas até o mirante da parede sul do Aconcágua. Optamos pela segunda e constatamos que foi a melhor escolha, já que com o vento que soprava dificilmente chegaríamos ao cume do Cristo Redentor. Amanhã (sexta-feira) partiremos às 6h da manhã para tentar chegar aos seus 4 mil metros, driblando os obstáculos da barreira de gelo e da proibição do exército argentino. Em reunião da equipe decidimos que não iremos burlar qualquer regra. Se houver uma placa de advertência ou sentinelas na entrada da rota, proibindo a passagem, seguiremos viagem sem ir ao Cristo Redentor. Do contrário, tentaremos superar os 12 km de subida em caracoles (zigue-zague) em piso com pedras e cascalho. O objetivo de sair cedo é evitar o vento, que geralmente é mais fraco até às 10h. Sinceramente tenho dúvidas sobre as condições da equipe para ir tão alto, principalmente depois de 4 dias pedalando forte. Espero que pelo menos algum de nós quatro consiga chegar ao cume. Diante desta grande montanha temos de tomar decisões corretas, já que elas podem afetar o sucesso da expedição. Aqui não somos atores e não usamos máscaras, o vento nos empurra para baixo e o sol nos torra a pele, exigindo protetor solar fator 50 ou 100. Vamos seguir pedalando, sempre para frente e para cima! Espero que amanhã (sexta-feira) à noite na cidade de Los Andes (já no Chile), depois de todos chegarmos com segurança possa publicar esse post e outro relatando o sucesso de nossa expedição.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

USPALLATA - LOS PENITENTES

Dia 3 – 02/11 – Acordamos às 6h para sairmos cedo e evitarmos o vento e o sol. Contudo, para a turma aqui entrar em movimento é pior que um caminhão bi-trem. Café da manhã, mochilas nas bikes, um esqueceu a pasta de dente, outro que quer ir ao banheiro, enfim, começamos a pedalar somente às 7h37min. O percurso é simplesmente espetacular e dificílimo. Viemos subindo os Andes contornando montanhas de 3 mil metros, passando uns túneis e diante de paisagens lindas. Até o quilometro 10 foi um passeio, a partir daí começaram as subidas... e que subidas! No quilometro 50, logo após passarmos pelo posto de controle do exército argentino em Punta de Vacas, veio o vento contrário. Era pouco depois do meio dia, entramos num canal da montanha e rajadas fortes de vento nos atingiram. Mover um pedal após o outro virou um martírio... andávamos lentamente e em algumas vezes tivemos que parar para evitar que o vento nos jogasse para trás. Chegamos a Penitentes um pouco antes das 15h, gelados pelo vento, cansados pela pedalada e pelo ar rarefeito. Entramos no albergue e me agarrei em um copo de café como um cachorro sobre um graxarim. Estamos todos bem, César com saudades de seu dog Brutinho, Paulo pensando na vida e Frederico com suas eternas manias. Amanhã (quinta-feira) subiremos um pouco mais e tentaremos chegar aos 4 mil metros.

Tempo de pedalada: 7h32min (tempo total)
Distância: 63,54 km
Velocidade média: 12,2 km/h
Velocidade máxima 52,8 km/h (Leandro)